ONG Fé e Alegria, uma Reflexão sobre Gestão Social

Mary Nayara Gouveia Oliveira, Adriana Lima de Souza, Francisco Andson da Paz Lima, Marcelo Lima de Souza, Maria Vilma Coelho Moreira Faria

Resumo


O termo “Gestão Social” vem se sobressaindo nos últimos anos, vários autores que tratam desta temática afirmam que essa vem ganhando grande visibilidade nos meios: social, acadêmico, de comunicação, e mais recentemente na gestão de organizações privadas. Porém, ainda é difícil conceituar o que vem a ser esse tipo de gestão, chegando até a ser redundante a ideia de uma gestão voltada para o social.

Segundo França Filho (2003), o uso da expressão “gestão social” tem sido usada para além das ações governamentais, agregando outras esferas, à saber:  “[...] organizações não governamentais, associações, fundações, assim como algumas iniciativas partindo mesmo do setor privado e que se exprimem nas noções de cidadania corporativa ou de responsabilidade social da empresa”. Para outro autor, a gestão social representa “[...] uma nova configuração do padrão de relações formadas entre o Estado e a sociedade, como forma de enfrentamento das problemáticas contemporâneas” (SILVA JÚNIOR et al, p.64). Em suma, a maneira mais simples de defini-la é encontrada em parâmetros originários no senso comum – a gestão social (advinda da sociedade) ocorre quando as ações realizadas pelo Estado, por algum motivo não conseguem atender todas as necessidades da sociedade, e com isso, surgem novos atores com práticas que visam suprir o que o Estado deixa em falta.

Dentre as ramificações da gestão social, encontram-se as Organizações Não Governamentais, mais conhecidas como ONGs, entidades estas sem fins lucrativos, advindas da sociedade, com um objetivo relacionado a prestação de serviços à sociedade. O principal objetivo deste trabalho foi refletir se essas organizações seguem os princípios básicos de gestão social, tendo como fundamento uma gestão participativa, onde as decisões são democratizadas. Para tal, foi realizado um estudo de caso em uma ONG chamada “Fé e Alegria” localizada no distrito de Vazantes, região rural do munícipio de Aracoiaba, Ceará. A pesquisa foi realizada in locus, através de entrevistas e pesquisas documentais.  

A Fé e Alegria em Vazantes surgiu por causa dos seguintes problemas encontrados na comunidade: falta de perspectivas dos jovens, ociosidade e falta de serviços socioeducativos e de convivência para o fortalecimento de vínculos comunitários e familiares; a ausência, no município, de políticas sociais públicas eficazes, com capacidade de fomentar a geração de ocupação e renda para os jovens sem qualificação profissional; famílias que sobrevivem da agricultura familiar ou do trabalho doméstico temporário, sem renda fixa; e precariedade da estrutura física e oferta de equipamentos comunitários como quadras, escolas e postos de saúde (relatório Fé e Alegria – 2012). Suas áreas de atuações são o desenvolvimento comunitário e a educação não-formal.

O modelo de governança desta entidade é feito a partir do escritório nacional que fica na matriz no Estado de São Paulo – SP. No Brasil existem 14 filiais – que em sua maioria situam-se nas grandes cidades, localizando-se em periferias.  A Fé e Alegria do Ceará é a única situada no interior do estado. Uma característica comum existente entre todos os Centros Educativos da Fé e Alegria no Brasil, é que todas as filiais possuem em sua estrutura uma equipe diretiva composta por: coordenadores estaduais, pedagógicos, administradores, assistentes sociais e representantes da comunidade. Os funcionários da Fé e Alegria trabalham em uma linha de atuação de caráter sociassistencial, educativo e cultural, que abrange serviços de convivências em desenvolvimento comunitário, executando cursos profissionalizantes que se estende entre as escolas e a comunidade.

A gestão da Fé e Alegria, em Vazantes dá-se de forma participativa e compartilhada, ou seja, todas as decisões são tomadas de forma coletiva, juntamente com todos os atores, sejam envolvidos diretos nos projetos e ações ou membros da comunidade externa e adjacências.

Após a pesquisa constatou-se que a Fé e Alegria tem embasamento em princípios religiosos, éticos e morais. Suas atividades perpassam por âmbitos culturais, artísticos, educacionais e de geração de renda, buscando o desenvolvimento local e regional. A gestão desta organização é compartilhada, onde há uma integração real com a Comunidade tanto interna, como externa.

Os sucessos das ações do Fé e Alegria se dão pelo seu modelo de gestão, uma vez que todos participam das decisões; a gestão mantém diálogos constantes com o conselho de jovens – o qual encaminha as demandas da comunidade até a gestão, para assim, discutirem sobre possíveis planos de ações. Para ramificar a ideia de gestão compartilhada, esteve no planejamento para 2014 a criação de mais dois conselhos: o dos educadores e o dos moradores, para que assim a participação nas decisões pudesse englobar a comunidade de Vazantes como um todo.


Apresentação
Última alteração
15/09/2015