Cariri: da chapada, de uma floresta, dos vales, das águas, das serras e serrotes, e dos sertões. Cariri, de Guattari. Ou, Guattari­Cariri.

A chapada e uma floresta: transcendência e imanência, os dois planos de vida. A chapada: o Ser, o Significante, o Capital..., mas, a floresta – uma floresta, uma imanência, uma vida – potencializada com sua abundância de fluxos – fontes de águas nos sopés, nos brejos; com os encontros inumanos, universos incorporais – a Mãe d’Água que habita as fontes dos sopés da
chapada. A Chapada (do Araripe), imponente, tende a estancar o devir-
floresta.

Vales e caldas (ou Vale de Caldas). O cariri cearense e seu vale, o Vale do Cariri – majoritariamente conhecido pelas cidades de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, porém, com uma política minoritária que lhe faz enquanto território existencial, com seus fluxos de águas. Suas caldas: caldas da serpente Mãe d’Água, caldas de Caldeirão –movimento (um de tantos) histórico­político do vale, levado por uma linha de fuga relativa.

Processos de subjetivação, suas máquinas, agenciamentos no Cariri. Serras e serrotes: o que define um e outro são suas linhas de declive, de declinação. Desterritorializações da chapada? A terra que é desterritorializada, Caldeirão-
Cariri. Macropolíticas e micropolíticas; molar e molecular; maioria, minoria e devir­minoritário. Cartografias­cariri.

Os sertões (ou Um sertão, um deserto): as nomadologias. Os sertanejos (os nômades) que cruzam (e traçam) os sertões, compondo um devir­cariri, com o cariri pernambucano, o paraibano e os sertões outros. Uma atualização da Confederação Kariri, como máquina de guerra contra a colonização, ao encontro da abundância de água, da fertilidade do solo, de novas formas de vida: quando o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão.

Uma experimentação de uma geografia intensa do Cariri, eis os eixos-acidentes que fazem o mapa­Cariri, um mapa aberto. Assim, lhes convidamos a compor esse mapa intensivo, Guattari­Cariri, no cariri cearense – que, extensivamente, é o Sul do Ceará –, de 7 a 9 de setembro, em Barbalha, no distrito de Caldas. Experimentemos as linhas que vem do Sul, dos micro-devires que borram as fronteiras do Leste e do Oeste, tal como as resistências que traçaram e traçam um devir­cariri.